Tem uma garrafa de saquê barato na minha frente, e eu me atenho a um suco de laranja que até já estavam ficando bem passadas.
Tenho uma botina cara debaixo da cama, mas o que me dá mais conforto é um chinelo velho que tem um prego segurando as tiras.
Carrego sempre comigo uma caneta nanquim e uma caderneta que me custaram uns vinte pilas, entretanto escrevo essas palavras a lápis em um encarte de mercado.
Comprei uma moto, mas sempre vou de trem.
Gasto uma boa parte do meu salário em estudos para conquistar um emprego melhor e poder ganhar um pouco mais. Feito isso provavelmente eu continuarei me sentindo mais à vontade com minhas roupas velhas do que com as novas, e bem provavelmente eu vá comprar tudo o que está me faltando.
E que pensando bem, nem faz tanta falta assim.
