domingo, 5 de dezembro de 2010
Filtro amarelo
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Beethoven
Caminhou até a cozinha, sua respiração embaçava as grossas lentes presas na fina armação de alumínio. Sentia um frio correndo espinha abaixo, abriu a geladeira e nada viu além de garrafas de água. Logo abriu o congelador e apenas vodka havia. Brotou um malicioso sorriso no canto da boca extinguindo a culpa e o medo, pois agora sabia que o único sangue frio naquela noite seria o sangue de Ana recém derramado na sala . Ela que agora mirava o teto com seu olhar petrificado, com a oitava sinfonia de Beethoven ao fundo, coagulando sangue na noite fria sem luar.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
O Cimério
- Você já leu algum livro dos “vampiros”?
- Não. Eu estou lendo Conan.
- Tá, mas certo que tu já viu pelo menos um filme da trilogia?
- Não. Eu estou revendo a trilogia do Conan.
Ela saiu sorrindo sem graça e eu fiquei lá o resto da noite empunhando meu copo. Soberano de minhas convicções, destemido e solitário como Conan.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
From Heaven to Hell.
E lá estava eu achando tudo muito estranho. Mesmo depois de tudo, morrer e estar indo para o céu era o cúmulo do inesperado. Me dei conta de que era apenas um sonho quando ao passar pela porta do céu, Mike Patton aparece do nada trajando um terno vermelho sangue com um cravo branco na lapela, coloca o pé na porta e diz:
- Ninguém passa por aqui sem tocar um blues.
E lá estava eu achando tudo muito estranho. Mesmo depois de tudo, morrer e estar indo para o céu era o cúmulo do inesperado. Me dei conta de que era apenas um sonho quando ao passar pela porta do céu, Mike Patton aparece do nada trajando um terno vermelho sangue com um cravo branco na lapela, coloca o pé na porta e diz:
- Ninguém passa por aqui sem tocar um blues.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Um setembro qualquer
Ela me ligou dizendo que eu poderia escolher o que eu quisesse como presente de aniversário. Eu pedi um dinossauro. Com uma voz rouca e quase sensual ela disse que não era esse o espírito da coisa. Muitos aniversários depois eu ainda lembro daquela ligação. Se eu tivesse ganho aquele dinossauro provavelmente hoje eu não teria problemas com os cães da minha rua, eu teria uma condução para ir ao trabalho, ninguém mais roubaria minhas roupas do varal, talvez até me ajudasse a ter algum sucesso com as garotas. Ela ofereceu sexo, eu quis um dinossauro, acabei ganhando uma barra de chocolate meio amargo. Nem sempre se tem tudo o que se quer. Foi isso o que aprendi com aniversários.